Freud, na verdade Sigmund Freud que na mais pura verdade chamava-se Sigismund Schlomo Freud, nasceu em 1856 na Morávia, hoje República Tcheca e foi o pai da psicanálise. Disso já sabemos que o grande Freud foi um dos homens que mais influenciou a humanidade.

Suas teorias realmente abalaram o mundo científico, pois criou uma nova maneira de entender a psique humana. Na verdade, ele demonstrou que o homem não era dono de si mesmo, que nós, seres humanos, tão ávidos por liberdade e donos de nossas ações, não sabíamos quase nada do que nos impulsionava e assim, não tínhamos todo o domínio de nossas ações.

Porém, alguns estudiosos hoje em dia, acham que como suas teorias foram escritas no século passado, muitas e muitas coisas se modificaram e que infelizmente o bisavô Freud, digo isso pois meu bisavô nasceu nessa época, precisa ser atualizado. Os conceitos freudianos não seriam mais aplicáveis na grande sociedade moderna em que vivemos.

Como nós psicanalistas bisnetos de Freud, precisamos ouvir a todos que nos procuram e entender o que essas pessoas querem nos dizer, temos que ouvir esses estudiosos e quem sabe concordar com seus argumentos e descobrir que realmente Freud precisa ser atualizado.

Comecemos pelo assunto talvez mais emblemático, o inconsciente. Dizia Freud, que o homem não era apenas um ser racional mas sim um homem também influenciado por impulsos irracionais manifestos através do inconsciente. Talvez hoje, realmente o conceito de inconsciente tenha que ser atualizado. O ser humano evoluiu nesses quase 100 anos da teoria do inconsciente. Nós atualmente reconhecemos todos nossos atos, sabemos sua origem, controlamos e quando desejamos tirar de nós, a coisa é simples, num estalar de dedos, pronto, já se foi aquele pensamento que nos conduzia. Todas nossas lembranças são revividas quando desejamos. Lembramos-nos desde quando estávamos na barriga de nossa mãe! Vocês não se lembram? Lembramos quando ocorreu nossa primeira amamentação e o sentimento gerado com o fato. Nossas lembranças ruins, conseguimos recordar de todas e ainda mais, conseguimos elaborá-las e fazer com que essas lembranças ruins nunca interfiram mais em nossas ações. Não precisamos mais das técnicas psicanalíticas para acessarmos nosso inconsciente. Somos totalmente capazes de acessá-lo a qualquer dia, a qualquer hora e melhor ainda, a compreendê-lo. Realmente o ser humano evoluiu e o conceito de inconsciente não se aplica mais nos tempos modernos! Afinal, temos a internet... será mesmo que podemos esquecer as teorias de Freud pois elas não se encaixam mais nos tempos atuais? Continuemos...

Aproveitando a deixa do assunto anterior, falemos dos atos falhos. Fico tentando analisar hoje em dia como os atos falhos são ultrapassados. Desde que pulei as sete ondas na praia no ano novo de 2000, acho que a entrada no novo século realmente modificou as pessoas. Nunca mais ouvimos ninguém trocar as palavras. Esquecimento então de assuntos, isso é coisa do passado, graças ainda com a evolução dos medicamentos que prometem um cérebro capaz de quase tudo. Os famosos bancos, desculpe-me, brancos, não ocorrem mais. O que antigamente Freud falava que os atos falhos mostravam a luta do consciente com o subconsciente (conteúdo evocável) e o inconsciente (conteúdo não evocável), essa luta graças a Deus existe mais. Quero dizer, não existe mais. Somos pessoas sadias agora, não traídas mais pela nossa memória. Os atos fálicos são realmente coisa do passado... digo falhos, são coisa do passado. Acho que podemos acreditar que isso mudou realmente depois das sete ondas não foi?

A motivação sexual que na verdade Freud falava da sobrevivência da espécie e do instinto de conservação, mudou. Bem vindos ao tão esperado século XXI. Agora não temos mais aquele instinto de sobrevivência individual que explicava nossa motivação. Somos seres evoluídos, quase em conexão com seres extraterrestres e o que eles diriam se ainda fossemos motivados por esse instinto de sobrevivência individual? Não, agora saímos às ruas, manifestamo-nos pelo bem de todos. Se for para todos sim, se for apenas para um, nada feito. Entendemos que nossa motivação deve ser coletiva. A coletividade é quem deve ser nossa geradora de motivação. Instinto de sobrevivência individual? Não existe mais! Bem, essa pegou pesado. Nem eu mesmo me convenci. Tá certo Dr. Sigmund Bisa, você ainda tem razão.

Se não deu certo até agora, com certeza a teoria das fases do desenvolvimento sexual terá necessidade de ser atualizada e teremos motivos para dizer que o Dr. Bisa precisa rever seus conceitos. Vamos lembrar o que Dr. Sigismund falava. Freud contribuiu com a teoria das fases do desenvolvimento do indivíduo, sugerindo que esta passa por sucessivos tipos de caráter: oral, anal e genital. Essas fases ocorreriam entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos de idade mais ou menos, e estariam ligadas ao desenvolvimento do Id.

Não vamos nos atentar ao que Freud falava. Vamos nos atentar nas observações que temos atualmente das crianças nas fases desse tal desenvolvimento sexual. Percebemos atualmente que nossas crianças iniciam seu prazer, quando ingerem alimentos, seja no seio materno ou mamadeira ou ainda chupando chupeta ou os dedos. Podemos então dar um nome mais moderno a essa fase. Que tal fase oral? Pois oral vem de oralidade, boca. Pode ser? Freud já chamava essa fase de oral. Deixemos então esse nome em homenagem a Freud.

Mas vamos atualizar a próxima fase. Atualmente as crianças, após passarem pela fase oral (nome dado apenas em homenagem a Freud), possuem um prazer diferente que agora será nas excreções e fezes. Isso mesmo. As crianças passam por essa fase onde possuem o prazer de brincarem com massas, tintas, amassam barro ou argila, comem coisas cremosas. Bem, sejamos criativos agora. Se fezes são produtos originados do ânus, que tal chamarmos de fase anal? Essa nova descrição foi bem atual, fase anal. Palavra forte, de impacto. O que? Freud chamava essa fase de anal? Podemos chamar essa fase de bundal então? Apenas para atualizarmos a palavra anal por uma palavra mais atualizada, do século XXI.

Agora a terceira fase. Nossas crianças atuais, diferentemente das crianças do tempo do guaraná de rolha, passam pela fase onde o prazer é concentrado primordialmente nos órgãos genitais e nas partes do corpo que excitam tais órgãos. Percebemos, os atuais psicanalistas do século XXI, que os meninos possuem a mãe como um objeto do desejo e do prazer. Já para as meninas, é diferente, o objeto de desejo e prazer é o pai. Estudando as crianças do século de Freud, elas também tinham mães e pais e sentiam os mesmos desejos que as atuais. Logicamente, nossos pais de atualmente são diferentes, pois possuem celulares, carros modernos, viajam de avião, se vestem com roupas de grife. Tudo bem que estamos falando dos filhos desses pais e que o que os pais possuem ou deixam de possuir não interferem na fase genital das crianças. Ok, vencidos pela teoria freudiana. Deixemos o mesmo nome inclusive para essa fase, fase genital ou fase fálica.

Vamos agora ao entendimento primeiramente do Complexo de Édipo freudiano e ver se ainda essa teoria introduzida primeiramente em 1899 pode ser utilizada nos tempos atuais. Freud analisando seus clientes, pode perceber o perfeito funcionamento da estrutura “tripartite” da alma. Assim, amante de mitologia grega, vai em seus conhecimentos mitológicos e busca elementos que o ajudassem a construir sua teoria. Encontrando em Édipo, pode pegar emprestado o desenrolar da história criou sua teoria do Complexo de Édipo.

Basicamente se resumia em dizer que a criança tinha um desejo incestuoso pela mãe e uma rivalidade pelo pai. Tão era importante essa teoria que ele afirmava que por passarmos por essa fase, por esse desejo fundamental, nós nos organizamos para nossa vida psíquica e determinamos nossa vida.

Pois bem. Como Freud, comecei a acompanhar o desenvolvimento de filhos de amigos, visto que não os tenho, sempre perguntando como “andava” o crescimento dessas crianças. Ficava espantado quando ouvia desses amigos, relatos que surpreendentemente conferiam com as descrições que nosso “bisa” criou a mais de 100 anos. Questionava a eles, se pelo fato de termos internet, termos fotos de outros planetas e conhecer seus funcionamentos, termos eleito um torneiro mecânico e uma mulher para presidente, viajarmos para Buenos Aires como se fossemos para a Praia Grande em São Paulo, se alguma coisa diferente acontecia além dos relatos que me davam, mas a resposta era sempre a mesma, não. Enfim, dei-me por vencido e percebi que toda nossa evolução, de nada serviu para desbancarmos a teoria do Complexo de Édipo.

Acredito que possamos rever daqui uns anos, quando, quem sabe, visitarmos Marte ou Vênus, se na época o ser humano mudou tanto a ponto de atualizarmos Freud.

Freud poderia ser nosso bisavô pela idade, isso temos que concordar, mas suas teorias ainda são super atualizadas para esse mundo que chamamos de mundo moderno.

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